domingo, 22 de novembro de 2015

Todos os caminhos levam à Roma

Caminhantenão há caminhofaz-se caminho ao caminhar.

  Gurus, mestres, professores e guias. Todos eles nos ajudam na nossa jornada pessoal. Todos tem sua própria jornada e experiência - e é inevitável que essa experiência pessoal acabe refletindo nos discípulos.
  Por mais sincero e neutro que algum mestre seja ele sempre vai ser tendencioso para as próprias crenças, sempre! Não se engane jovem padawan... Alguém que sabe magia mas tem fortes valores espíritas vai sempre ser inclinado para tal. Isso não é errado, é apenas a natureza interior da pessoa. Dentro do caminho que ele segue, pode ser perfeitamente bom misturar as duas coisas - só que é bom para ele. Será que é bom para todos? O que ele come a prato pleno, pode muito bem acabar sendo o seu veneno (o seu, não dele). 


  O que você deve ter em mente é que o caminho que ele escolheu não precisa ser exatamente o seu caminho! Na verdade é impossível que o caminho de alguém seja o caminho de outro.
  Ora, nós somos seres únicos. Em toda história da humanidade, tanto a que já aconteceu quanto a que vai acontecer; Em toda a história jamais houve alguém como você! Cada pessoa é exclusivamente especial e tem seu próprio caminho a ser seguido. Cabe a cada um de nós descobrir.




"Oh! Mas eu não sei que caminho seguir... Eu tentei de tudo, mas nada me agrada! Oh!"

  Claro, você tentou de tudo. Tentou o método de todos, mas não tentou o SEU método. Eis uma história que muitos já conhecem, mas que vale a pena postar aqui, só pra reforçar esse texto lindo; É a história de como Sidartha Galtama - o Buda -  descobriu seu próprio caminho:
  Em suas andanças, havia encontrado um monge que vivia de esmolas e observara que apesar da situação miserável, ele tinha um olhar sereno. Assim, juntou-se a um grupo de brâmanes (sacerdotes da religião hindu) dedicados a uma vida ascética, isto é, feita de orações, privações, muita disciplina e mortificações. Mortificar-se é castigar o corpo com jejuns, provocar o próprio sofrimento físico e mental, torturar-se como meio de inibir certos desejos.
Sidarta passou seis anos aprendendo tudo que esses religiosos tinham para lhe ensinar. E percebeu que mortificar-se era inútil: levar o organismo a limites extremos de dor e privação não conduzia à compreensão da vida para atingir a libertação do sofrimento. Essa situação era o extremo oposto do que ele já havia experimentado, ao viver entre excesso de prazeres na corte de seu pai. Foi assim que o místico chegou ao conceito de Caminho do Meio, a busca de uma forma de vida equilibrada, com disciplina suficiente para evitar esses extremos de prazer e dor, pois ambos impediam a clareza de pensamento.


 Olha só, Caminho do Meio! É curioso como muitos ocultistas e estudantes da Cabalá associam o Caminho do Meio com o Caminho da Flecha. Eles não deixam de estar certos, mas não totalmente.
  O lado direito da estrutura Cabalística é o lado da Misericórdia. É o lado mamão com açúcar da parada. Calma, não estou falando que é fácil, estou falando que é doce, e como é doce! Ele é geralmente associado ao amor e compaixão. Esse é o caminho do cristianismo e suas vertentes, que tentam alcançar o céu através do fortalecimento das Virtudes.

  O lado esquerdo da estrutura Cabalística é o lado do Rigor. É o lado sangue nos olhos, heavy metal e... Bem, é o lado em que as coisas não são simples, é o lado mais parecido com as tradições de Thelema e práticas Shaolin orientais. É o caminho que tenta alcançar a glória através do controle dos Vícios.
  PS: Dei uma pincelada rápida nesses dois lados. Claro que é bem mais que isso, mas vou deixar como está, até porque não sou pago pra escrever aqui.

  E o caminho da flecha? O corredor polonês ali, a coluna cervical. O que é ele? Muitos falam que ele é uma mistura dos dois caminhos - o melhor dos dois mundos, como diz Blade, o caça vampiros. E bem, as pessoas estão certas sobre isso. Creio que a coisa vá além, creio que não seja apenas o equilíbrio de Misericórdia com Rigor. Mas isso seria assunto para outro post. Como eu disse: Caminho da Flecha e caminho do meio são iguais, mas não a mesma coisa!

  O Caminho do Meio é o caminho no qual você está em equilíbrio. Na história acima Buda ficou chateado por não ter avançado nas práticas que ele fazia, então ele decidiu que PARA ELE seria melhor encontrar uma forma menos radical. Sim, para ele. Buda não estava criando um modelo de práticas revolucionárias que mudariam o curso da história. Buda não estava jogando todo o resto no lixo e dizendo: "Só o que eu faço é o certo!". Não! Ele apenas encontrou o seu caminho do meio e o seguiu. Só!
  Mas então o caminho do meio é quando você equilibra os dois polos? Sim e Não. Pra ser mais preciso, o caminho do meio é quando você sente que aquele caminho é o caminho que VOCÊ nasceu pra trilhar!



  Um satanista clássico geralmente estaria caminhando no ramo esquerdo da árvore (geralmente, veja bem!). Então vocês diriam: "Aquele cara é mão esquerda, mimimi". Mas não exatamente. Ora, mesmo seguindo à risca todas as práticas daquele caminho ele pode muito bem não ir ao extremo. Ele pode dizer: "Bem, eu estou bem aqui, eu não quero matar bodes em rituais, não me sinto bem com isso, então não farei. Claro, isso vai limitar meu caminho aqui, mas eu quero ficar aonde me sinto bem".

  Viram o que eu vi? Ao limitar seu espaço de ação, ou seja, escolher o que ele quer e o que não quer (exatamente como Buda fez) ele cria seu próprio caminho do meio! Na esquerda dele ele tem as práticas com matança de bode. Na direita há todas as outras práticas que seriam mais focadas em expansão da consciência. E onde ele está é o Meio, do ponto de vista DELE!


  Um policial do BOPE poderia não gostar de ir até a favela e matar traficantes. Para ele isso seria algo extremamente violento e perigoso. O policial tem família e não queria arriscar. Só que ele foi treinado para isso, deve seguir esse caminho. Mas ele não o faz. Então ele escolhe trabalhar na seção de inteligência, na parte do escritório, onde ele pode fazer a diferença, mas sem arriscar sua vida e matar ninguém. É um ponto de equilíbrio para ele, é seu caminho do meio.

  O caminho do meio só acontece quando você escolhe. Quando você escolhe sua zona de ação. "Eu quero isso e não quero aquilo". Você separa o joio do trigo, você cria sua própria zona de equilíbrio e então: BOOM! Aqui está o SEU caminho (e de mais ninguém).

Escolhas meus amigos, escolhas. Quando você sabe EXATAMENTE o que você quer E o que você não quer... Você está no seu caminho. E esse caminho é o seu caminho do meio, de mais ninguém.
 Vocês não precisam seguir o modelo dos outros, mas devem descobrir o de vocês.

  Regras servem para organizar e criar uma estrutura sólida, onde a ordem reina. Mas para que o mundo evolua a regra precisa ser quebrada às vezes. Einsten não teria criado a teoria da relatividade se tivesse seguido à risca o que os físicos anteriores fizeram. Romero Britto não teria feito milhões de dólares se tivesse ouvido as críticas negativas dos seus quadros coloridos. Eu não teria tomado choque se ouvisse a recomendação de minha mãe para não botar o dedo na tomada quando criança - e por isso não teria aprendido sobre como é tomar choque por experiência própria. Se você sempre seguir as regras, acabará por ser escravo delas, e nunca achará seu ponto de equilíbrio. É preciso ter o conhecimento do bem e do mau para saber o que é melhor para si. Isso é o livre-arbítrio.


"Ain, mas aí as pessoas vão acabar se perdendo se elas não seguirem modelos"

  É verdade. Mas eu não disse para parar de seguir modelos. Você deve sim se inspirar naqueles que tiveram sucesso nos seus próprios caminhos. Aprender com eles qual estrada é melhor para andar de tênis ou de bota. Aprender a olhar as nuvens para ver se tem tempestade e até a encontrar abrigo. Aprender quais frutas são boas de comer ou não, apenas observando o que os animais comem. Mas o caminho, a trilha que você vai seguir é só sua. Ninguém sabe o que te espera na próxima esquina, ninguém sabe sobre o seu destino final. Mas os mestres podem te dar uma dica. Eles já seguiram por um caminho semelhante, já sabem das manhas.
 

  Por agora eu me retiro, vou lá seguir na minha estrada esburacada. Mas antes de ir eu deixo uma música legal do Raulzito, lá vai:




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