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segunda-feira, 25 de abril de 2016

A serpente e a pomba

  Às vezes me pego pensando em coisas na qual a sociedade de uma maneira geral considera bem polêmica.
Eu sei que tal coisa é relativa, mas tenho um pouco de vergonha em expressar tais coisas, e esse blog pode servir como um pontapé inicial nesse tipo de serviço.
  Um exemplo disso foi hoje. Me peguei pensando no papel de prostitutas e garotas de programa - e em atrizes pornô - em nossa sociedade. Muitos falam que são "mulheres da vida", e que não merecem nossa atenção. As chamam de 'destruidoras de família', e até de coisas piores. Só que se você parar pra pensar, a coisa não é exatamente como muitos julgam ser.

Vejamos: no passado havia as chamadas "sacerdotisas do templo", mulheres que adoravam deusas como Astarte e Afrodite - deusas do amor e da sexualidade, de uma maneira geral. Tais sacerdotisas tinham como função levar o amor para os outros, de todas as maneiras possíveis. Para citar rapidamente, deixo um fragmento de texto retirado desse site:


O real papel da filha de Afrodite é pregar o AMOR independente de tudo. Ela como qualquer outro ser humano possui suas fragilidades e medos, porém deve estar treinada para não demonstrar isso aos que a rodeiam. Tem que ser capaz de quando necessário romper as barreiras de sua delicadeza e buscar máxima força. Para muitos magos e estudiosos, Afrodite é a mais poderosa do Olimpo. Por quê? Porque foi ela quem dominou humanos e mortais com o seu amor, inclusive Zeus, o Deus dos Deuses. A Deusa do AMOR sempre foi temida entre as deusas e suas provocações sempre foram aquelas que aconteciam das formas mais sutis, porém eram as mais dolorosas nas outras deidades.



Na Grécia Antiga, a Sacerdotisa de Afrodite dedicava-se única e exclusivamente a essa divindade. Viviam em templos que honravam a Deusa do AMOR e eram as mais desejadas das Polis (cidades-estados da Grécia antiga). Normalmente iniciavam JOVENS rapazes na vida sexual e traziam alegria àqueles que não  viam mais graça na vida. Grande parte delas eram conhecidas como “prostitutas sagradas”, mas diferente da prostituta comum que vende o prazer, elas trabalhavam energética e emocionalmente em cada indivíduo. Era comum que se prostituíssem para levantar fundos destinados às melhoras dos templos.



  Hoje esse tipo de prática foi perdida, e só nos restou as prostitutas mundanas. Porém tenho certeza que o trabalho espiritual de muitas delas ainda é o mesmo, em oitavas baixas. Tais mulheres são corajosas por natureza, e deveriam ser respeitadas. Gostaria de dizer mais sobre elas, de expor sua importância, mas hoje sou incapaz de fazer. Não porque eu não sei, mas porque não estou na pele delas para poder expressar seu total significado.
  Por um mundo onde o amor seja mais livre, e não tenha tanto preconceito. Se não fosse tais mulheres, muitos homens teriam sua libido reprimida, podendo acabar se tornando grandes estupradores e assassinos. Amor cura, amor dissolve energias, amor transmuta. Mesmo parecendo algo extremamente banal e tosco, a essência ainda é a mesma. Portanto, trate mulheres com respeito, pois elas são o cálice sagrado por onde a vida se manifesta.
:)


Surpreendendo garotas de programa no dia dos namorados from Sweetlicious Tube on Vimeo.

terça-feira, 1 de março de 2016

Seguidores da Bíblia e Manifesto Jesus Freak

Nunca pensei que escreveria sobre o Cristianismo aqui no blog. Não sou cristão, mas devo admitir que certamente tenho valores cristãos. Isto é: fui criado em família cristã, em uma sociedade - em geral - cristã, obviamente que acabaria por pautar meus valores no cristianismo.
O motivo de eu não ser cristão não é por raiva, ódio ou pensamentos opostos ao cristianismo. O motivo é apenas porque me tornei algo além do cristianismo. Minha consciência já abrange outras filosofias e doutrinas variadas. Dizer que sou cristão é limitar meu pensamento - embora não seja errado dizer que sou, pois de fato, uma parte de mim é cristã; assim como uma parte de mim é budista, satanista, hermetista e ateísta (variando de graus em graus).

Há ainda um outro motivo para não me declarar cristão: a palavra foi deturpada ao longo dos anos. Ser cristão virou sinônimo de "crente", ou de pessoas que vão à igreja, rezam com frequência e leem a bíblia. É óbvio que esse comportamento compõe todo o colorarium de ser cristão, mas é impossível resumir o cristianismo apenas nestes atos.
Ser cristão, em sua definição mais antiga e mais original é simplesmente seguir Cristo. O problema é que 'cristo' virou um grande negócio religioso, e o cristianismo perdeu seu total sentido ao longo do tempo.

Ora, Jesus Cristo era um homem como nós. Há quem diga que na verdade ele era um deus, ou por uma melhor definição, o filho do próprio Deus, ou simplesmente Um com Ele. Mas essa definição é religiosa, quero abordar aqui a definição histórica do homem.
Ele era um carpinteiro que viveu na região onde hoje é a palestina (e arredores). Olhando por um ponto de vista puramente humano, Jesus era um filósofo que foi contra as práticas religiosas de sua época (em geral as de Moisés e outras), criando uma filosofia de vida baseada simplesmente no amor à Deus e ao próximo, à caridade e à misericórdia. Por causa de suas idéias revolucionárias e à frente de seu tempo, Jesus foi morto por opositores às suas idéias. No entanto, muitos dos seus seguidores continuaram levando seus ensinamentos para outras partes do mundo conhecido, espalhando a 'boa nova'.
Só que tais homens - chamados de apóstolos - eram pescadores. E naquela época a educação era extremamente precária. A menos que Jesus tivesse um plano mirabolante e tivesse escolhido pescadores que sabiam ler e escrever, a história nos diz que o mais provável era que os apóstolos passaram Sua tradição por via oral.
E foi assim por cerca de setenta anos. O número de cristãos cresceu muito, e ainda mais. Há histórias de certos acontecimentos: é dito que cristãos eram mortos em coliseus, apenas por serem cristãos. Mais tais pessoas tinham a crença no paraíso, e de que depois de suas mortes seriam salvos. Tais homens não demonstravam medo frente ao perigo, se mantinham impassíveis. Tais homens eram mortos, mais sua coragem e sua fé ficavam, e as pessoas achavam muito estranho aquilo tudo.
"Como esses homens não tem medo de morrer?" "Seria o deus cristão o deus mais poderoso de todos?"

Essa certeza do paraíso fez com que o cristianismo só crescesse. Todos queriam ser cristãos, todos queriam ir ao tão famoso paraíso, todos queriam encarar a morte e não ter medo dela.
Não demorou para o cristianismo se tornar a religião mais popular. Tão popular que [supostamente] a esposa do imperador Constantino se converteu para a nova doutrina. O problema era que havia diversas tradições cristãs. Umas seguiam a tradição oral dita pelo apóstolo Matheus, outras pelo apóstolo Pedro... O imperador Constantino se viu confuso no meio de tantas vertentes. E foi aí que ele decidiu compilar todas as tradições em uma só bandeira [talvez por pressão de sua mulher, ou talvez por um motivo político]. Dalí em diante nasceria a Bíblia. E algum tempo depois nasceria a Igreja Católica, que pegaria a Bíblia para si e montaria a maior religião cristã do mundo!

Eis aí o problema.
A Igreja Católica Apostólica Romana começou a criar regras da maneira correta de como um cristão deveria ser, agir e fazer. Nasce os dogmas, e quem não os seguia, estava errado, e portanto não era um cristão verdadeiro. E assim seguiu a humanidade até os dias de hoje. Jesus, um revolucionário, um filósofo, que fez suas idéias em suas crenças, acabou por ser substituído por um modelo barato de si mesmo.
Houve até um certo momento em que a Igreja Católica cruzou espadas com os Cátaros - que eram cristãos também, mas não cristãos bíblicos, estes seguiam a tradição oral (a 'original'). Uma prova mais que concreta que a máxima de "amar o próximo" não era seguido mais.
Tudo porque focaram no fim da jornada, e não na jornada em si.
"O sábio aponta o dedo para a lua, mas o dedo não é a lua."

Para seguir uma filosofia de vida - como o cristianismo - é preciso esquecer o ponto final. É preciso viver cada segundo, respirar a filosofia, viver como se é pregado. As pessoas não seguem mais Cristo, pois sua tradição se "perdeu" na via oral. As pessoas seguem a Bíblia. Tudo é a bíblia. Bíblia pra lá, bíblia pra cá.

É verdade que a Bíblia contém a tradição oral de Jesus, mas a tradição de Jesus não é a Bíblia. O mapa não é o território. Há ainda na Bíblia coisas que Jesus discordava, e que pessoas hoje, declaradamente cristãs, vivem repetindo. Tais pessoas não são diferentes do imperador Constantino, que só é cristão porque todos são. Cadê a vivência, a experiência cristã e as suas práticas? Tudo se tornou vazio, como um livro de papel, chamado Bíblia, que foi criado por homens - ainda que contenham palavras divinas, a Bíblia foi criada por homens.

É justo seguir a Bíblia e não Jesus?
A tradição oral é demorada e passível de alterações. Mas a escrita também é - e a vantagem da oral é que ela pode ser passada apenas para aqueles que são capazes de viver seus ensinamentos. Eu sei que o objetivo é espalhar as idéias cristãs no mundo, e que sem tais idéias é possível que tivéssemos bem pior - mas um cristão pra mim só é aquele que segue Cristo, acima de tudo. Não a Bíblia. A Bíblia é um guia, mas quem caminha é você.

Para terminar deixo esse manifesto, de como poderia ser o cristianismo no novo século, com idéias que no mínimo iria melhorar muito a filosofia e vivência cristã:
(retirado do site mortesúbita.org)

-
Nós propomos que, seguindo o exemplo de Jesus Cristo, não nos deixemos limitar pela religião. Os primeiros inimigos de Cristo foram os altos sacerdotes do Templo. O primeiro amigo de Cristo foi um louco que gritava no deserto.
-
Nós propomos que as Escrituras são a mais alta autoridade cristã. Portanto devemos nos esforçar para compreendê-las muito mais do que nos esforçamos para aceitar a forma que nossos ancestrais a compreenderam. O mundo dos homens muda a cada instante. O mundo de Deus permanece o mesmo para sempre.
3 -
 
Nós propomos que cada cristão tenha o mesmo credo essencial de Paulo de Tarso, Francisco de Assis, Martinho Lutero, William J. Seymour, Martin Luther King e ainda assim sejam livres para expressar sua fé de sua própria maneira especial, assim como o fez cada um destes cinco homens.
4 -
Nós propomos que ninguém tem o direito de dizer que uma pessoa não será salva em Cristo, uma vez que a hora cabe ao Pai e a salvação cabe ao Filho. Assim, ainda que o próximo viva em escândalo você não deve se escandalizar.
-
Nós propomos que os livros de orações sejam deixados de lado por um tempo. Talvez seja difícil usufruir de nossa liberdade de expressão em um primeiro momento, mas seremos recompensados com uma relação mais intima e próxima com Deus. Por muito tempo temos usado de maneira pobre o nosso missal. É hora de orarmos mais e irmos menos à missa.
6 -
Nós propomos que devemos nos preservar um pouco dos hinários e livros de salmos. Eles são lindíssimos, mas nossa mente precisa respirar e perceber que está vivendo em uma época nova e radiante. Devemos compor novas músicas com novas letras, que sejam atuais e de acordo com nossa época. Não existe nenhum problema em cantar as glórias antigas, mas há uma infinidade de glórias novas aguardando e clamando para serem cantadas.
-
Nós propomos nos libertarmos da arquitetura do passado criando novos espaços para nossos cultos. Derrubemos as igrejas e templos para não haver mais a separação entre irmãs e irmãos, entre crentes e ateus, entre humanos e resto da criação. Chamemos de volta a todo aquele que expulsamos de nossas igrejas: os infieis e os piores pecadores! A Casa de Deus não é uma casa de desespero. Chamemos todos de volta, ainda que continuem pecando para sempre.
-
Nós propomos que descubramos como os avanços tecnológicos de nossa época podem ser usados para a glória de Deus. “Frutificai e multiplicai-vos” nunca foi um desejo ligado única e exclusivamente ao sexo. “Eis que saiu o semeador a semear” nunca foi restrito as praças públicas. Deus nos presenteou com tecnologias que nossos antepassados sequer sonharam poder existir. Está na hora de aceitarmos essa graça e fazer bom uso dela. Vamos organizar oficinas e mostrar como a arte e a ciência podem fazer parte de nossas festas e nossos exercicios de contemplação.
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Nós propomos o uso do intercâmbio cultural para enriquecer nossa literatura litúrgica com materiais até então ignorados por nossos cultos tradicionais. Há uma abundância de sabedoria e beleza nos textos considerados apócrifos pela igreja medieval, nas escrituras sagradas de outras crenças e mesmo na poesia secular que podem e devem ser usados em nossa liturgia para atingirmos um propósito estético superior ao atual.
10 -
Nós propomos que em um mundo dominado pela mídia onde o uso da imagem supera o do texto, os cristãos devam fazer uso das figuras mais fortes, corajosas e chocantes possíveis. O cinema, a televisão e mesmo intervenções urbanas devem ser usados. Não há lógica em mostrar o caminho, a verdade e a vida usando imagens piegas, meia luz e baixa resolução.


terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Pois não existe deus se não o Homem!

  Não é de hoje que as religiões se tornaram uma pedra no sapato da nossa sociedade. O que deveria nutrir
espiritualmente e moralmente, acabou se tornando uma prisão mental de alienação e fanatismo. O "religare" foi perdido em muitas delas - em especial na igreja cristã. Ou talvez AS igrejas cristãs.
  Óbvio que posso colocar outras religiões aqui, como algumas casas de 'umbanda' que são verdadeiros ninhos de egum, e também certos núcleos (minorias) do islã. Porém a realidade brasileira - e ocidental, em geral - se foca muito mais no cristianismo. O cristianismo que matou e roubou (e rouba) milhões de pessoas pelo globo. Se posso citar uma vertente do cristianismo que ainda confio, posso dizer que é a igreja anglicana. Fora ela, todas as outras eu prefiro manter um pouco de distância. Pode ser preconceito meu, mas também pode ser precaução. E apostaria mais na segunda opção.

  O satanismo não é uma religião. Podemos dizer que o satanismo tem sua origem no próprio cristianismo. Isso tanto é verdade quanto não é. A palavra "shaitan" quer dizer 'adversário' em uma língua há muito esquecida, e daí veio satan. Satan seria o adversário de Deus. Então é óbvio que satanismo é oposto ao cristianismo. Porém não no sentido de adorar ao diabo, como muitos acreditam, mas por não acreditar em Deus, exatamente como o ateísmo faz.
  Conta a lenda que Anton LaVey era um músico, mais precisamente um pianista. Ele era convocado para tocar em diversos locais por dinheiro, e obviamente que ele aceitava. Acabava por tocar em bordéis, e em igrejas. LaVey percebeu que os mesmos homens que iam aos bordéis iam às igrejas. Os mesmos homens que pagavam de santo com suas esposas na igreja eram os mesmos que se deitavam com prostitutas no sábado à noite.
  Veja: não é exatamente errado isso. Cada um sabe o que faz, cada um tem que ser responsável pela sua própria vida. Porém LaVey não podia tolerar tanta hipocrisia por parte de tais pessoas. Numa manhã de domingo, conta a lenda que ele se levantou do piano e denunciou os homens pecadores. Teve que fugir da cidade para não ser morto. Dali em diante ele decidiu abrir a igreja satânica. Não para adorar o diabo, mas para mostrar ao mundo o quanto o cristianismo tinha problemas, e o quanto os seus problemas  afetavam a vida dos não-cristãos.
  O satanismo virou religião em papel oficial, mas seu objetivo sempre foi um: mostrar a outra face. Ninguém no satanismo adora o diabo - eles nem sequer acreditam que há um. Tudo que eles fazem é lutar pelo direito das pessoas de serem elas mesmas, de serem livres e de serem laicas. Na mesma pegada, surgiram o Pastafarianismo e a Igreja do SubGênius. Todos representando a contracultura religiosa. Todos mostrando que o mundo não é só unireligioso.

  É nesse ritmo que acabamos por ver grandes projetos que essas 'religiões' tem realizado. O Pastafarianismo conseguiu impedir a divulgação do cristianismo em escolas (pois essa prática é proibida pelo estado, que deveria ser laico). Já o satanismo tem conseguido grandes avanços nos dias de hoje, contra o conservadorismo cristão.

  Termino essa postagem colocando aqui os mandamentos do Satanismo moderno, mostrando o quão avançada e preocupada com a sociedade é esse movimento. Muito mais 'evoluída' (por assim dizer) que o próprio cristianismo, que ficou parado no tempo, impedindo a sexualidade de pessoas, cobrando dinheiro de outras e tentando enfiar sua fé goela abaixo de terceiros.
  Leia os princípios e reflita sobre eles. Ninguém é obrigado a segui-los, mas se seguirem, o mundo seria um lugar bem melhor que aquele que o cristianismo quer.

Princípios do Satanismo

 Esforce-se para agir com compaixão e empatia para com todas as criaturas, em conformidade com a razão.


 A luta pela justiça é uma busca constante e necessária que deve prevalecer sobre as leis e instituições.



 O corpo é inviolável, sujeito somente à vontade de sua pessoa.



 As liberdades de outros devem ser respeitadas, incluindo a liberdade de ofender. Quem usurpar as liberdades de outra pessoa estará renunciando a sua própria liberdade.



 As crenças devem estar de acordo com o melhor conhecimento científico do mundo. Deve-se tomar cuidado para nunca distorcer fatos científicos para não adequá-los às nossas crenças.



 As pessoas são falíveis. Se cometerem erro, devemos fazer o nosso melhor para corrigi-las e resolver qualquer mal que elas podem ter causado.



 Cada princípio é um princípio orientador criado para inspirar nobreza na ação e pensamento. O espírito de compaixão, sabedoria e justiça devem sempre prevalecer sobre a palavra escrita ou falada.

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

The Fifth of November

Remember, remember! 
    The fifth of November, 
    The Gunpowder treason and plot; 
    I know of no reason 
    Why the Gunpowder treason 
    Should ever be forgot! 
    Guy Fawkes and his companions 
    Did the scheme contrive, 
    To blow the King and Parliament 
    All up alive. 
    Threescore barrels, laid below, 
    To prove old England's overthrow. 
    But, by God's providence, him they catch, 
    With a dark lantern, lighting a match! 
    A stick and a stake 
    For King James's sake! 
    If you won't give me one, 
    I'll take two, 
    The better for me, 
    And the worse for you. 
    A rope, a rope, to hang the Pope, 
    A penn'orth of cheese to choke him, 
    A pint of beer to wash it down, 
    And a jolly good fire to burn him. 
    Holloa, boys! holloa, boys! make the bells ring! 
    Holloa, boys! holloa boys! God save the King! 
    Hip, hip, hooor-r-r-ray!

---
Eu não concordo com Guy Fawkes histórico. A sua 'revolução' tinha como ideal retirar um governo X para colocar Y. Pra mim é trocar seis por meia dúzia. A idéia mesmo é sobre a história em cima da história; sobre V - dos quadrinhos de Alan Moore. Ele sim representa o anarquismo em sua forma mais bela. E é sobre ele e para ele essa homenagem.



segunda-feira, 27 de julho de 2015

A raposa e o Pequeno Príncipe

“E foi então que apareceu a raposa:
– Bom dia – disse a raposa.
– Bom dia – respondeu educadamente o pequeno príncipe, que, olhando a sua volta, nada viu.
– Eu estou aqui, – disse a voz, debaixo da macieira...
– Quem és tu? – perguntou o principezinho. – Tu és bem bonita...
– Sou uma raposa – disse a raposa.
– Vem brincar comigo – propôs ele. – Estou tão triste...
– Eu não posso brincar contigo – disse a raposa. – Não me cativaram ainda.
– Ah! Desculpa – disse o principezinho. Mas, após refletir, acrescentou:
– Que quer dizer "cativar"?
– Tu não és daqui – disse a raposa.
– Que procuras? 
– Procuro os homens – disse o pequeno príncipe.
– Que quer dizer cativar?
– Os homens – disse a raposa – têm fuzis e caçam.
É assustador! Criam galinhas também. É a única coisa que fazem de interessante. Tu procuras galinhas?
– Não – disse o príncipe. – Eu procuro amigos.
– Que quer dizer “cativar”?
– É algo quase sempre esquecido – disse a raposa.
Significa "criar laços"...
– Criar laços?
– Exatamente, disse a raposa. Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens necessidade de mim.
Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas.
Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim o único no mundo. E eu serei para ti a única no mundo...
– Minha vida é monótona. Eu caço as galinhas e os homens me caçam. Todas as galinhas se parecem e todos os homens também. 
Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol.
Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros me fazem entrar debaixo da terra.
Os teus me chamarão para fora da toca, como música.

E depois, olha! Vês, lá longe, o campo de trigo?

Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! – Mas tu tens cabelos dourados.

E então serás maravilhoso quando me tiverdes cativado. O trigo, que é dourado, fará com que me lembre de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo...
A raposa calou-se e observou muito tempo o príncipe:
– Por favor, cativa-me! disse ela.
- Eu até gostaria – disse o principezinho – mas eu não tenho
muito tempo. Tenho amigos a descobrir e muitas coisas a
conhecer.
– A gente só conhece bem as coisas que cativou – disse a raposa.
– Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma.
Compram tudo já pronto nas lojas.
Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos.
Se tu queres um amigo, cativa-me!
– Que é preciso fazer? – perguntou o pequeno príncipe.

– É preciso ser paciente – respondeu a raposa

– Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim, assim, na relva.
Eu te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada.
A linguagem é uma fonte de mal-entendidos.
Mas cada dia, te sentarás um pouco mais perto...
No dia seguinte o príncipe voltou.
– Teria sido melhor se voltasses à mesma hora – disse a raposa.
– Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz! Quanto mais a hora for chegando, mais me sentirei feliz! Às quatro horas, então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade!

Assim o pequeno príncipe cativou a raposa. Mas, quando chegou a hora da partida, a raposa disse:

– Ah! Eu vou chorar.

– A culpa é tua – disse o principezinho. – Eu não queria te fazer
mal; mas tu quiseste que eu te cativasse...

– Quis – disse a raposa.

– Então, não terás ganho nada!

– Terei, sim – disse a raposa – por causa da cor do trigo.

Depois ela acrescentou: – Vai rever as rosas. Assim, compreenderás que a tua é a única no mundo. Tu voltarás para me dizer adeus, e eu te presentearei com um segredo.

O pequeno príncipe foi rever as rosas:[...]. “ E ao voltar dirigiu-se à raposa:

– Adeus... – disse ele.

– Adeus – disse a raposa.

– Eis o meu segredo:

É muito simples: só se vê bem com o coração. 
O essencial é invisível aos olhos.”


“Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.”


Texto: SAINT-EXUPÉRY, Antoine de.
Livro:. O Pequeno Príncipe

terça-feira, 17 de junho de 2014

XV

O Louco chega ao pé de uma montanha negra gigantesca, onde reina uma criatura metade bode, metade deus. Em seus cascos, pessoas nuas acorrentadas ao seu trono, envolvidas em todas as atividades imagináveis: sexo, drogas, comida, ouro, bebida. Quanto mais perto chega, mais o Louco sente seus desejos terrenos aumentando: luxúria, paixão, obsessão, avareza. “Eu me recuso a me entregar a você!” ele urra ao deus, com toda sua força. A criatura responde com um olhar curioso. “Tudo o que estou fazendo é trazer à tona o que está dentro de você. Esses sentimentos não devem ser temidos, não devem causar vergonha, nem mesmo serem evitados.” O Louco gesticula com raiva para as pessoas acorrentadas. “Você diz o mesmo para essas pessoas escravizadas?” O deus-bode imita os gestos do Louco. “Olhe novamente.” O Louco olha novamente e nota que as correntes no pescoço são largas o suficiente para poderem ser tiradas facilmente pela cabeça. “Eles podem ser livres se assim quiserem.” diz o deus-bode, “Você está certo, eu sou o deus dos seus desejos mais fortes. Mas você só vê aqui aqueles que foram dominados por esses desejos.” Então o deus-bode aponta para cima, para o pico da montanha. “Você não vê aqueles que permitiram que seus impulsos os levassem ao topo daquela montanha. A inibição pode escravizar tanto quanto o excesso. Ela pode te impedir de seguir sua paixão até as alturas.” O louco percebe a verdade nisso, e percebe que errou em relação ao deus-bode. Agora ele entende que não se trata de uma criatura do mal, mas de uma criatura de grande poder, o mais baixo e o mais alto, besta e deus. Como todo o poder, é assustador, e perigoso... mas é também a chave para a liberdade e superioridade se for entendido e bem usado.
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