Pokémon é um jogo que marcou toda uma geração. Um bando de crianças inseridas no novo e incrível mundo dos jogos portáteis, aprendendo da melhor maneira como a criar rinhas de brigas de animais mágicos. Muito bonito, muito educativo.Eu joguei boa parte da minha infância e adolescência, e só não jogo hoje em dia porque não curto os pokémons atuais. Só considero os da primeira geração (RGB) e da segunda (silver & gold). O resto é tudo digimon, tudo criatura criada em laboratório.
E por que estou falando desse jogo? Porque nele há um conceito muito engraçado de evolução. No jogo, quando um pokémon atinge certo nível de poder, é dada a opção dele "evoluir". Ou seja: o pokémon passará por uma metamorfose instantânea que mudaria completamente sua forma física, seu nome e seus poderes (alguns). Assim, num passe de mágica, de uma hora pra outra, um pokémon evolui.
Para o jogo esse conceito de evolução funciona muito bem, pois afinal, é só um jogo. O problema vem quando as idéias do jogo começam a ultrapassar a barreira entre ficção e realidade. O problema é quando as pessoas do nosso mundo, o mundo 'real', começam a achar que é assim que a evolução natural - proposta por Charles Darwin - funciona.
E não, não estou brincando. Há pessoas que acham mesmo que, num belo dia de sol, uma macaca acabou por gerar, acidentalmente, um ser humano, perfeito, evoluído.
Qualquer pessoa que entenda o mínimo de biologia deve entender o absurdo que é essa afirmação. A evolução natural é um conceito que demora muito tempo pra ser percebida. Veja, percebida! Pois a evolução natural está acontecendo a todo instante. A cada nova geração de indivíduos, eles podem ou não apresentar características únicas, que os ajudaria no ambiente em que vivem. Só que nossas mentes não consegue perceber imediatamente essas pequenas mudanças, e só observando em uma larga escala é que conseguimos entender melhor.
Quer um exemplo?
Vivemos na época dos celulares-computadores. Os cientistas do ramo da tecnologia vivem em pé de guerra com a galera da saúde. O motivo? O pessoal da saúde defende a idéia de que os celulares liberam muita radiação, e que pode acabar prejudicando a saúde dos seus usuários. Já os da tecnologia falam que isso não é possível, que o celular é totalmente seguro. Ambos os grupos apresentam provas aqui e acolá, defendendo seus argumentos, mas no fim, nenhum deles está certo, exatamente. Só saberemos daqui há alguns anos, quando colocarmos os dados coletados em gráficos, e vermos se houve um número grande de exposição à radiação.
Nós não somos capazes de perceber pequenas mudanças, precisamos que o tempo passe, enquanto vamos catalogando tudo, e só depois que daremos um 'zoom-out' e veremos se de fato a coisa acontece.
Um outro exemplo bem simples: Tire uma foto sua hoje. Depois tire outra foto sua amanhã. Houve alguma mudança? Sim, mas foi tão pequena, tão sutil, que você nem percebeu. Agora pegue uma foto sua hoje e compare com uma sua de dez anos atrás. A diferença é grande. Tudo isso por causa do tempo decorrido.
Pois bem: estamos sempre evoluindo, mas só percebemos que mudamos depois de um tempo, quando paramos pra observar a coisa como um todo.
E repare: Aqui eu falo de evolução pessoal. Se você praticar yoga, por exemplo, verá que nos primeiros dias de prática você não evoluiu quase nada. Mas continue nessa por três meses e perceba sua evolução.
A grande verdade é que a natureza não dá saltos, ela precisa de tempo para fixar as mudanças. Fazer o quê, coisa do nosso mundo mesmo.
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Pois bem, agora vem a segunda parte desse texto. Aqui continuarei falando sobre evolução, mas numa outra pegada: a evolução espiritual.
Primeiro quero deixar claro que não acredito que exista a evolução no sentido espírita (do espiritismo). E que fique claro minha repulsa à essa idéia. Os espíritas deturparam todo o conceito. Hoje eles ficam se auto proclamando 'evoluídos', só porque tem o 'entendimento', porque 'sabem da verdade' e bláblá.
Isso não é ser evoluído, ponto.
A segunda coisa é: A evolução não é uma reta, que vai direto ao céu. Essa afirmação aqui é polêmica, mas só pra quem não consegue entender o quão divertido é nosso universo.
Muitos acham que uma entidade evoluída é aquela que fica de branco e fala coisas boazinhas, dá passe magnético e manda beijinhos com assopros. Sinto informar, mas, tomando como base APENAS esse argumento, essa entidade não é evoluída. Claro que ela pode ser sim, mas isso não é regra.
Um egum/kiumba/obsessor pode mundo bem se fantasiar de um mestre qualquer e repetir as mesmas coisas. E esse tipo de entidade, em muitos lugares, não é uma entidade evoluída.
Então, afinal, como seria uma entidade evoluída? É aquela que fala de evolução e ajuda ao próximo? É aquela que taca fogo em mendigo e quer beber o sangue de galinha? É aquela que te oferece uma carona na nave espacial da frota celeste? É aquela que fala que você só irá para o céu se der dinheiro para Jesus?
A resposta para todas as perguntas é: Não. E a resposta para todas as perguntas é: Talvez.
Ficou confuso(a)? Então presta atenção que explico:
Vamos supor que eu trabalhe com uma entidade chamada Seu Carlos. Seu Carlos me acompanha sempre quando vou ao centro espírita. Lá, na mesa branca, ele me auxilia, fala através de mim, fala coisas bonitas. Todos no centro o acham super evoluído. É lindo.
Daí eu decido ir na umbanda. Seu Carlos, que não é bobo nem nada, continua comigo. Só que agora ele assume o nome de Exú da capa preta. E na umbanda Seu Carlos incorpora em mim - de uma maneira diferente do espiritismo - e começa a falar engraçado, a fazer sinais com a mão, e a também falar bonito. Só que agora Seu Carlos, que é chamado de Capa Preta, começa a fazer magia pra tirar encosto de gente triste. Seu Carlos é foda ali, todos aplaudem.
Num outro dia eu vou no pessoal da chama violeta, e Seu Carlos vai comigo. Lá começa uma coversar sobre disco voador e Seu Carlos se manifesta em mim: e agora Seu Carlos é Linoxan, um ET vindo da puta que pariu, mas que fala de amor e apometria, chipes alienígenas e cura quântica. No satanismo, Seu Carlos aparece como Beuzebub; no budismo, ele parece como um iluminado qualquer; no hinduísmo, ele é um Deva. Na Bruxaria ele é Pan, no ateísmo ele é um cara que não existe, fruto da minha imaginação maluca.
Quem é Seu Carlos? Um espírito evoluído? Sim... Para o desespero de alguns.
Evolução não é uma reta, como eu bem disse. Evolução é simplesmente aprender de tudo, experimentar de tudo, saber manipular tudo. Evolução é saber se moldar de acordo com a necessidade.
Eu posso ser um policial e ser super amável com minha esposa. Mas quando vou invadir a favela, terei que ser rigoroso e até agressivo. Quando vou fazer caridade, terei que ter compaixão. Quando vou pagar contas no banco, terei que ser paciente.
A verdade é que nós nos moldamos de acordo com nosso meio, dependendo do que precisamos, exatamente como Seu Carlos. Isso é ser evoluído.
E não só isso, mas as pessoas nos veem de maneiras diferentes, de acordo com o que nós representamos para elas. Quando eu saio na rua, sou um pedestre do ponto de vista dos motorista. Quando dou aulas, sou um professor do ponto de vista dos alunos. Quando estou no mercado, sou um consumidor. Quando estou na praia, sou um banhista.
E mesmo uma pessoa fazendo sempre a mesma coisa, outras duas podem ter opiniões diferentes a respeito dela. Che Guevara era um revolucionário para uns, e um assassino para outros. Chico Xavier era um santo para uns, e um charlatão para outros. Olavo de Carvalho é um filósofo super inteligente para uns, e uma piada para outros.
Isso também acontece com as entidades do plano astral, mas por lá ser bem mais sutil, a própria aparência muda. Eu poderia ver uma entidade feminina na minha frente, mas se eu tiver uma crença carregada no catolicismo, por exemplo, essa entidade poderia aparecer pra mim como Maria, mãe de Jesus.
Na HQ de Sandman, Sonho sempre tinha sua forma e nomes mudados de acordo com quem falava com ele. Da mesma forma: Seu Carlos sempre mudará seu nome e forma de acordo com o meio no qual está inserido. Assim como nós temos muitos nomes de acordo com nossas profissões (enfermeiro, professor, biólogo...) e de acordo com as pessoas que interagimos (noivo, pai, amigo...). Aprender a se moldar de acordo com o meio é aprender a viver.
Você acha que nós, humanos, somos mais evoluídos que os outros animais só porque conseguimos raciocinar? Ok, mas numa explosão atômica as baratas que vão se dar bem. Elas conseguem se adaptar melhor num meio que nós. Isso é evolução. Assim como Seu Carlos que consegue se vestir de várias energias diferentes, pra determinados fins.
Então não me venha com esse papinho de que só porque é bom e fala de amor a entidade é evoluída. E o contrário também: não é só porque a entidade cai na porrada com kiumba que ela é inferior. Às vezes é um espírito que está vibrando naquela frequência, apenas, para cumprir um trabalho.
Evolução é crescer pra todos os lados, pra todas as dimensões. É domar todos os quatro elementos, é inflar como um balão. Não uma reta, mas uma caosfera, a imagem que ilustra esse post.
E repare que uma reta (uma seta) aponta para uma direção e uma caosfera aponta para todas.
Isso quer dizer que devemos evoluir para todos os lados (caosfera), porém, um lado de cada vez, pra não ter problema (seta).
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