domingo, 4 de outubro de 2015

Pensamento abstrato colocado em ordem



Caminho sozinho, contigo ao meu lado
Me guiando, me preparando, me polindo.
Não sei se estou voando ou se estou levitando
Só sei que não estou caindo.

O som do vento em meus ouvidos canta
E escuto o verbo gritar.
Palavras secretas dançam em minha frente
E de repente começo a me transformar.

A lua cheia brilha bem longe
Enquanto o bem e o mal, em equilíbrio, dança
No deserto, um camelo carrega um monge
Que expressa o semblante de uma criança

Girando, entro na bolha
Que se nutre no interior da terra
A gestação vai bem rápida, como um cometa
E minha pressa logo se encerra.

Cresço, vivo e me construo
Como os muros de um castelo
Com torres bem altas que tocam o céu
Sob o brilho do sol amarelo.

Um dia, o monge retorna
Trazendo consigo a chave do paraíso.
Para tê-la é preciso esforço
E me entrega, com um sorriso.

Diz que terei que fazer uma escolha
Que irá destruir metade de mim
Como um caminho cortado ao meio
Onde se não consegue ver o fim.

Então parto, em minha aventura
Mesmo sem saber onde vai dar
Prendo o zodíaco em minha cintura
E cavalgo em direção ao luar.

Na jornada, encontro um leão
Um reflexo do meu desejo
Perfuro-o com minha lança em seu coração
E visto sua pele em um ansejo.

Adiante, o monge retorna
Vestido feito um mendigo
Me avisa que aquilo era uma provação
E que no futuro me aguarda um castigo

E eu sigo, pelos meses adentro
Esperando o meu destino chegar
Com o tempo, gasto dinheiro
E vejo a minha sorte girar

Mas o castigo vem à cavalo
Rápida, como uma espada leve
Sou preso, acusado de matar o leão
No inverno, embaixo de neve.

Algemado, sou pendurado em um poste
Sob o frio gelado da noite
Ao longe, escuto os homens chegarem
Um deles carrega um açoite

Morri, renasci e morri outra vez
Tantas vezes que nem sei mais contar
Quando acaba, só sobrou pedaços de mim
Os pedaços que tentei juntar

Me deram um remédio sagrado
Feito de fogo, água e mel
Respiro fundo e tomo de uma vez
A sensação é de entrar no céu

Mas claro, o que é bom dura pouco
E fui jogado na prisão
Um cubículo com teias de aranha
Um limite para a minha visão

Um dia, um raio cai no chão
E toda a terra tremeu
O fogo se espalha lá dentro da prisão
E o que me prendia, desapareceu

Corri apressado pra fora
Guiado por uma luz brilhante
Era uma estrela, distante no céu
Que deixava um rastro flamejante

Me deparo numa floresta escura
Com a lua cheia, e um lobo a uivar
Vejo meus medos dançarem em minha frente
E uma sombra escura a se aproximar

De repente uma luz se acende
Era o monge, com uma aura dourada
Ele sorri, com seu rosto de criança
E me mostra o motivo de minha jornada

Vejo um espelho diante de mim
E uma serpente emplumada subir minha coluna
Vejo o monge refletido no espelho
Eu sou ele, sem qualquer lacuna.

O tempo todo eu era o monge, e não sabia
Mas o tempo em si, não existe
Retorno pra casa, agora completo
Junto com a serpente, que tudo assiste.


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Escrevi isso como um exercício. Não ficou exatamente como imaginei, mas ficou aceitável. Vou deixar aqui como registro de meus esforços. É mais difícil do que parece escrever algo assim, fiquei dias reparando, aprimorando esse 'poema'. Mas acho que valeu o esforço, pelo menos por agora. E se você não entendeu bulúfas do que está escrito no poema... Bem, boa sorte ao ler novamente. :)

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