quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Uma breve tentativa de explicar como o universo é relativo

Note como o raio ocular passa pela serpete
 - é a realidade sendo filtrada - 
Esse texto não é meu, eu o encontrei em um blog há muito esquecido - o que me fez repostar, pra ainda manter as idéias frescas.
O texto em si fala de como o universo [entenda isso não como o universo no sentido de espaço sideral, mas no sentido do mundo] é relativo, de como só vemos quase sempre um dos lados do diamante.
Sempre que leio algo assim, me lembro dos livro de Carlos Castaneda, na qual Don Juan afirmava que existia uma 'bolha da percepção' entre os indivíduos, que filtrava a realidade de acordo com a cultura (ou a visão de mundo) da pessoa. Ele dizia ser impossível estourar a bolha e ver a realidade como ela é - pois assim você morreria; mas dizia que era possível 'lustrar' a bolha até que ela fique o mais transparente possível, para que sua realidade não seja tão filtrada.

PS: Se o leitor tem dificuldades de imaginar o que estou falando, é bem simples: imagine uma peneira; a realidade é a areia que você joga nela. A areia mais grossa não passa pela peneira, só a mais fina - e essa mais fina será justamente aquela na qual você acha certo. A areia mais fina para um cristão é a idéia de que Deus criou o mundo; para um cientista ateísta, a areia mais fina é a que o universo foi criado por uma grande explosão. Ambas as idéias são 'areias', todas estão 'certas', mas o seu ponto de vista irá dizer qual idéia se encaixa melhor na sua mente (ou que passa melhor pela sua peneira).
Enfim, vamos ao texto:




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O Pensador e o Demonstrador
( por 
Robert Anton Wilson )

Tudo que somos é resultado de tudo aquilo que pensamos. Está fundamentado no pensamento. Está baseado no pensamento. Buda, o Dammapada.

O pai da psicologia americana, William James, relata um encontro que teve com uma velha senhora, que lhe disse que a Terra estava assentada sobre as costas de uma tartaruga.

- Mas minha senhora - perguntou o professor James, tão polidamente quanto podia, - e o que é que sustêm a tartaruga?

- Ah! É fácil! - respondeu a senhora. - Ela está apoiada nas costas de outra tartaruga.

- Ah, sim... - disse o professor, ainda polido. - Mas a senhora gentilmente poderia dizer-me o que é que sustêm essa segunda tartaruga?

- Não me venha com conversas, Professor! - disse a velhina, obviamente notando que ele a estava levando em direção a uma armadilha lógica. - São taratarugas sobre tartarugas o tempo todo!

Não sejamos rápidos em rir daquela velhinha. Todas as mensagens humanas trabalham fundamentalmente com princípios semelhantes. O universo da velhinha era um pouco mais estranho que o da maioria das pessoas que conhecemos, mas foi construído sobre os mesmos principios fundamentais que serviram de base para qualquer outra forma de universo que as pessoas venham a acreditar.

Como o Dr. Leonard Orr notou, a mente humana se comporta como se estivesse dividida em duas partes, o Pensador e o Demonstrador. O Pensador pode pensar em virtualmente sobre tudo. A História mostra que ele pode pensar que a Terra está apoiada numa sequência infinita de tartarugas superpostas, que é oca ou que está flutuando no espaço. (milhões de pessoas acreditam nisso, incluindo o autor)

A Religião e a Filosofia comparadas mostram que o Pensador pode se considerar mortal, imortal, tanto imortal como mortal (o modelo reencarnacionista, por exemplo) ou mesmo, como não-existente (Budismo). Ele pode se pensar como vivendo num Universo Cristão, num Universo Marxista, num Universo Relativístico Científico ou num Universo Nazista, entre muitas outras possibilidades.

Como psicólogos e psiquiatras observaram com frequência (para grande desespero de seus colegas médicos), o Pensador pode se pensar doente e também saudável, novamente.

O Demonstrador é um mecanismo muito mais simples. Opera de uma única maneira, sempre: Aquilo qie o Pensador pensa, o Demonstrador prova.

Para citar um exemplo famoso, que permitiu o desencadeamento de horrores incríveis no começo do século passado, se o Pensador pensar que todos os judeus são ricos, o Demonstrador irá provar isso. Irá coletar evidências de que o mais pobre dos judeus, no mais decrépito dos guetos, possui dinheiro escondido em algum lugar.

Se o pensador pensar que o Sol de move ao redor da Terra, o Demonstrador irá organizar diligentemente todas as percepções, para que elas se encaixem naquele pensamento; se o pensador modificar sua mente e decidir que é a Terra que se move ao redor do sol, o Demonstrador irá reorganizar a evidência.

Se o Pensador pensa que a Água Benta de Lourdes irá curar o seu lumbago, o Demonstrador irá orquestrar habilidosamente os sinais das glândulas, músculos, órgãos, etc, até que eles organizem-se num estado saudável outra vez.

Logicamente é fácil ver que as mentes das outras pessoas funcionam desta maneira; mas é mais difícil conscientizarmo-nos de que a nossa própria mente também funciona desta maneira.

Acredita-se, por exemplo, que alguns homens são mais objetivos que os outros (raramente ouve-se isso de mulheres). Os homens de negócios costumam ser orgulhosos, pragmáticos e objetivos neste sentido. Uma breve avaliação das políticas histéricas, que a maioria dos homens de negócios parece copiar e utilizar, irá rapidamente corrigir esta impressão.

Os cientistas, entretanto, ainda são considerados como sendo objetivos. Nenhum estudo da vida dos grandes cientistas irá confirmar isso. eles foram tão passionais e, portanto, tão preconceituosos quanto um grupo de grandes pintores ou músicos. Não foi apenas a Igreja, mas também os astrônomos reconhecidos e estabelecidos da época, que condenaram Galileu. A maioria dos físicos rejeitaram a Teoria Especial da Relatividade de Einstein em 1905. O próprio Einstein não reconhecia nada da Teoria Quântica após 1920, não importando quantos experimentos viessem suportá-la. O envolvimento teimoso de Edison com geradores elétricos de corrente contínua (CC), fizeram-no afirmar que a corrente alternada (CA) era insegura à saúde por muitos anos, mesmo depois que esta foi comprovadamente reconhecida como segura para todas as pessoas.

A teimosia de Edison sobre esse assunto era em parte resultante de sua inveja de Nikola Tesla, o inventor do gerador de corrente alternada. Por sua vez, Tesla recusou o Prêmio Nobel quando este lhe foi concedido em conjunto com Edison porque recusava-se a aparecer na mesma plataforma que ele. Estes dois gênios foram capazes de objetividade, de praticar ciência em apenas certas condições limitadas de laboratório.

A ciência atinge ou se aproxima da objetividade não porque um cientista individual se tornou imunde às leis psicológicas que nos governam, mas porque o método científico - uma criação de grupo - eventualmente supera os preconceitos pessoais e particulares ao longo do tempo.

Para considerar um evento famoso dos anos 60, havia um ponto de divergência entre pesquisadores de três grupos, que haviam provado que o LSD causava danos nos cromossomos, enquanto que outros três grupos haviam provado que o LSD não causava nenhum efeito sobre os cromossomos. Em cada um dos caso, o Demonstrador havia comprovado aquilo que o Pensador pensava. Na atualidade, existem na física sete experimentos que confirmam um conceito altamente controverso, conhecido como Teorema de Bell e dois experimentos que o refutam. Na área de percepção extra-sensorial, os resultados de pesquisa foram uniformes durante mais de um século: todos os pesquisadores, que propuseram-se a provar que o Paranormal existe, obtiveram sucesso e todos que propuseram provar que não existe, também obtiveram sucesso.

A Verdade ou a verdade relativa, emerge somente depois de décadas de experimentos, realizados por milhares de grupos espalhados por todo o mundo. No final, estamos esperançosos de aproximar-mos mais e mais da Verdade Objetiva ao longo dos séculos. Num prazo menos a Lei de Orr sempre se verifica: seja aquilo que o Pensador pensa, o Demonstrador prova.

(Se o leitor é um cientista, não se alarme. Isto não se refere a você, mas apenas para aqueles tolos crédulos do campo oposto, que a sua teoria é a única que funciona. É lógico.)

Se o Pensador pensa de uma maneira suficientemente apaixonada, o Demonstrador iré provar o pensamento de uma forma tão conclusiva, que você nunca fará com que a pessoa saia dessa visão, mesmo que seja algo tão estranho como a existência de um vertebrado gasoso de dimensões astronômicas (DEUS), que gasta toda a eternidade torturando as pessoas que não acreditam na sua religião.

Exercícios

Por mais desagradável que possa parecer, você nunca irá compreender nada, meramente lendo sobre o assunto. Este é o porquê de todo curso científico incluir experimentos de laboratório e todos os movimentos de liberação da consciência exigirem a prática de iogas, meditações e formas de confrontação, etc; nas quais as idéias são testadas no laboratório de seu próprio sistema nervoso. Assim, o participante não irá compreender os conceitos, a menos que ele ou ela façam os exercícios propostos após cada capítulo.

Para explorar o Pensador e o demonstrador, tente o seguinte:

1 - Visualize algum objeto pequeno (bijuteria, botão, etc), de maneira vívida e, de uma maneira igualmente vívida, visualize que vai encontrar este objeto na rua. Então, comece a procurar esse objeto todas as vezes que você sair pra passear, enquanto continua a vizualizá-lo. Tome nota de quanto tempo leva para encontrá-lo.

2 - Explique o experimento acima pela hipótese da atenção seletiva, ou seja, acredite que devem existir muitos objetos semelhantes àquele visualizado, espalhados por todos os cantos e que você iria inevitavelmente encontrar um, a partir do momento em que começou a procurar de forma contínua. Então saia a procura de outro objeto.

3 - Explique os experimentos pela hipótese mística alternativa de que a mente controla tudo. Acredite que você fez o objeto manifestar-se no Universo. Saia em procura de um segundo objeto.

4 - Compare o tempo que levou para encontrar o segundo objeto utilizando a primeira hipótese (atenção), com o tempo que levou para encontrar o segundo objeto, apartir da segunda hipótese (mente sobre a matéria).

5 - Com sua criatividade, invente experimentos semelhantes e em cada um compare as duas teorias - atenção seletiva (coinscidência) versus a teoria da mente controla tudo (psicocinese).

6 - Evite chegar a alguma conclusão definitiva e prematura. Ao final de um mês, releia o capítulo, pense e reflita sobre e ainda assim, postergue a tentativa de chegar a alguma conclusão dogmática. Aceite que seja possível que você ainda não saiba tudo, que ainda tem algo a aprender.

7 - Convença-se (se ainda não se convenceu) que você é feio, pouco atraente e aborrecido. Vá a uma festa com esse cenário mental/emocional. Observe como é que as outras pessoas o tratam.

8 - Convença-se (se é que ainda não se convenceu disso) que você é belo, irresistível e brilhante. Vá para uma festa com esse cenário mental/emocional. Observe como é que as outras pessoas o tratam.

9 - Este é o mais difícil dos experimentos e vem em duas partes. Primeiro, observe de perto, de forma desapaixonada, dois grandes amigos seus e depois, duas pessoas desconhecidas. Tente imaginar como é que seus Pensadores pensam e como os seus Demonstradores metodicamente provam os pensamentos gerados. Segundo, aplique o mesmo exercício a você mesmo. Se você pensa que aprendeu as lições desses exercícios em menos de seis meses realmente não trabalhou sobre estes. Com algum trabalho REAL, em seis meses você deverá estar começando a descobrir o quão pouco sabe das coisas.

10 - Acredite que seja possível flutuar e voar, apenas por querer. Veja o que acontece. Se esse exercício provar-se tão desapontador para você o quanto foi pra mim, tente o exercício número 11 abaixo, que nunca é desapontador.

11 - Acredite que você pode superar em muito todas as suas ambições prévias e todas as suas esperanças; em todas as áreas de sua vida.


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